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sábado, 3 de outubro de 2015

#008 | Sweeney Todd: O Terrível Barbeiro de Fleet Street

Autor: Desconhecido (Inglaterra)
Título Original: Sweeney Todd or The String of Pearls (1850)
Editora: Publicações Europa-América
Edição: 1ª Edição, Fevereiro 2008 (300 págs.)
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Já tinha travado conhecimento com esta história através do filme musical adaptado por Tim Burton (que adorei, diga-se de passagem!), mas só recentemente tive a curiosidade de conhecer a história original.

Este conto – um clássico do horror britânico – foi publicado inicialmente entre Novembro de 1846 e Março de 1847 com o nome The String of Pearls (Um Colar de Pérolas) no The People's Periodical and Family Library, uma série semanal de folhetins Penny Dreadful, editados por Edward Lloyd.

A sua autoria é atribuída a James Malcolm Rymer, embora sejam também atribuídos créditos a Thomas Peckett Prest. Embora sem certezas, acredita-se que cada um tenha trabalhado diferentes partes da história.
Outras atribuições incluem Edward P. Hingston, George Macfarren, e Albert Richard Smith.

A história foi então publicada em forma de livro em 1850 com o subtítulo The Barber of Fleet Street: A Domestic Romance. Esta versão da história contaria com 732 páginas.

[Imagem do livro original ]

Nos anos posteriores, surgiram muitas versões da história, nomeadamente adaptações para o palco, versões adaptadas a outros países e, mais tarde, adaptações para o cinema. A história tornou-se uma lenda urbana, sendo várias vezes recontada desde então, em adaptações em que, muitas vezes, foi drasticamente alterada a história original (e sim, a adaptação de Tim Burton encaixa-se nesta categoria).


Sobre a História

A história se passa em Londres no ano de 1785 e começa quando se começa a investigar o estranho desaparecimento de um marinheiro chamado Tenente Thornhill, aparentemente visto pela última vez quando entrava no estabelecimento de Sweeney Todd em Fleet Street.
Thornhill procurava uma rapariga chamada Johanna Oakley, na tentativa de lhe entregar um colar de pérolas a pedido do seu amante desaparecido, Mark Ingestrie.

Um dos amigos de Thornhill – Coronel Jeffrey – é alertado para o desaparecimento de Thornhill pelo seu fiel cão Hector, que se recusa a abandonar a porta da barbearia. Coronel Jeffrey resolve então investigar o paradeiro do seu amigo, sendo acompanhado por Johanna que, por sua vez, quer saber o que aconteceu a Mark.

No desenrolar da narrativa vamos então alternando entre a história de Todd, o sinistro barbeiro de Fleet Street que ‘despacha’ os seus clientes, a história de Tobias Ragg, o jovem assistente do barbeiro que, pelas suas suspeitas, teme pela sua sanidade mental, bem como a história da investigação desenvolvida por Johanna Oakley e Coronel Jeffrey.

É-nos ainda apresentada a história de Mrs. Lovett, uma bem-sucedida pasteleira que ganha a vida servido tartes de carne assada.


Numa parte inicial da narrativa, vamos então conhecendo os personagens, em capítulos dedicados a cada um deles e, enquanto avançamos na narrativa, vamos percebendo como estas histórias se entrelaçam.

Lembro que a história foi originalmente lançada em folhetins semanais e, por essa razão, nem sempre um capítulo corresponde necessariamente à continuação do anterior sendo-nos, por vezes, apresentadas as histórias paralelas dos outros personagens.
Imagino como seria ir lendo estas publicações e tentar perceber para onde a historia nos levava.

A forma como o autor (ou autores) conduz a narrativa é brilhante, uma vez que as informações nos vão sendo entregues aos poucos, permitindo-nos criar teorias sobre o que terá acontecido a Thornhill e a Mark Ingestrie.

Cedo nos é dito que, o tal Colar de Pérolas está, de facto, na posse de Sweeney Todd o que, de certa forma, nos leva a depreender que ele terá assassinado Thornhill. Mas o que aconteceu a Mark Ingestrie?
Algumas informações sobre o personagem podem fazer-nos acreditar que este terá morrido num naufrágio, embora nunca se tenha encontrado o corpo do mesmo.
Começamos assim a conhecer Sweeney Todd, assistindo à forma como este procura livrar-se do Colar de Pérolas e como, no seu dia-a-dia, vai tratando dos seus clientes.

Por outro lado, na Pastelaria da Mrs. Lovett, acompanhamos um jovem que lhe pede emprego e, sem perceber muito bem como, se vê na situação de refém, preso na sala de fornos, onde é obrigado a trabalhar em troca de alimentação.
Aí percebemos o processo de confecção das tartes e a angústia do jovem que, de repente, se recusa a comer as mesmas.

Nesta pastelaria jantava muitas vezes Tobias Ragg – o jovem assistente do barbeiro – que, por diversas razões, detesta o seu mentor e começa a suspeitar que este possa estar envolvido em alguma coisa terrível.
Estas suspeitas crescem à medida que o jovem vai encontrando objectos perdidos que os clientes esquecem na barbearia, bem como pela conscientização que, a cada vez que entra um cliente novo, o jovem é mandado a fazer recados, nunca vendo os clientes sair.

Temos ainda um quarto foco narrativo que nos descreve a investigação em torno da Igreja de St. Dunstan, na qual um odor nauseabundo começa a surgir, sem que se perceba como.

Aos poucos, todos estes focos vão se interligando, começamos a perceber as relações entre eles e as pontas soltas vão se juntando.
Para quem nunca teve contacto com a história ou nunca ouviu nenhum spoiler o final é simplesmente surreal!


Para quem conhece algumas das adaptações (como aconteceu comigo que, como referi, conhecia já o filme musical adaptado por Tim Burton) pode inicialmente estranhar a história. Isto porque, na realidade, estas adaptações fogem um pouco da história original.
A relação entre os personagens, o próprio contexto de alguns personagens (como a Mrs. Lovett, por exemplo, que no musical tem as ‘worst pies in london’ e, no original, é uma pasteleira bem sucedida), causam algum estranhamento no início mas, depois de se assumir que o livro não vai ser igual ao filme, a leitura segue!

Sim, é diferente do musical, mas isso não invalida que eu adore igualmente os dois!
E se eu o tivesse lido sem spoilers (ou expectativa) acredito que a experiência teria sido ainda mais incrível!

Recomendo vivamente a quem goste de uma boa história de horror.


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