Autor: Oscar Wilde (Inglaterra)
Título Original: The Picture of Dorian Gray (1890)
Editora: Bertrand Editora
Edição: 1ª Edição, Maio 2010 (288 págs.)
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Hoje
venho falar de O Retrato de Dorian
Gray de Oscar Wilde.
Esta
é daquelas obras que, de uma forma ou de outra, já toda a gente tem uma ideia
do conteúdo, seja pelas séries, filmes e diversas adaptações da mesma. No
entanto, sabendo que a experiência é sempre diferente quando temos contacto com
aquilo que realmente saiu da mão do autor, nada é melhor do que ler o livro.
O
Retrato de Dorian Gray foi publicado pela primeira vez em Julho de 1890 na
revista mensal Lippincott's Monthly
Magazine.
Os
editores desta publicação, temendo que a história fosse indecente, e sem o
conhecimento do autor, suprimiram cerca de quinhentas palavras antes da
publicação. Apesar da censura, a obra ofendeu a sensibilidade moral dos
críticos literários britânicos, alguns dos quais disseram que Oscar Wilde estaria
a violar as leis que protegiam a moralidade pública.
Em
resposta, Wilde revisou e ampliou a obra publicada, romanceou alguns elementos,
lançando-a, em 1891, em forma de livro.
Sobre a
Narrativa
A
narrativa desenrola-se na sociedade inglesa vitoriana e conta-nos a história de
Dorian Gray – um jovem invulgarmente
belo, gracioso, bem-educado e de um caráter cativante – por quem Basil
Hallward, um pintor londrino, fica fascinado e desenvolve um sentimento de
idolatria.
Determinado
a imortalizar a beleza de Dorian numa tela, Basil convence-o a posar para si.
Basil
tanto falava e tanto tecia elogios a Dorian que acabou por despertar a
curiosidade de Lorde Henry – um aristocrata e amigo próximo – que defende que,
acima de todas as coisas, o que realmente importa na vida é o prazer e a
beleza: A beleza torna aqueles que a possuem em príncipes, e só dispomos de
alguns anos para aproveitar dessa beleza e da juventude sendo que, depois
disso, só restarão recordações do passado.
Basil
termina então o retrato de Dorian – um retrato de corpo inteiro, pintado a óleo, e a todos surpreende por parecer captar a própria alma do jovem no
quadro.
Dorian
Gray fica encantado com a beleza do quadro e, influenciado pelo discurso
hedonista de Lord Henry, começa a lamentar-se e a sentir-se injustiçado por constatar
que o quadro preservará uma eterna beleza, enquanto ele envelhecerá a cada dia,
perdendo a grande beleza retratada no quadro.
Horrorizado
com este inevitável destino, Dorian expressa a intenção de manter sua beleza e
a sua juventude eternamente, desejando que fosse o quadro a envelhecer em seu
lugar mesmo que, para isso, fosse necessário dar a sua alma em troca.
Posteriormente,
e fortalecido pela influência de Lord Henry, Dorian começa a explorar a sua
sensualidade, descobrindo Sibyl Vane, uma actriz de classe baixa, que atua em
peças de teatro de Shakespeare.
Dorian
impressiona-se tanto com Sibyl que, por várias noites consecutivas vai vê-la
nas suas apresentações, sentindo-se o mais apaixonado dos homens. Encantado
pelas múltiplas facetas que Sibyl revela em palco, Dorian resolve corteja-la e
propô-la casamento.
Nessa
noite, preocupado com a aceitação por parte dos seus amigos, Dorian convida
Basil e Lorde Henry para ver Sibyl atuar na peça Romeu e Julieta.
A
apaixonada Sibyl não aguenta a felicidade de sentir-se amada pelo seu ‘Príncipe Encantado’ e percebe que o seu único
conhecimento do amor foi através do amor ao teatro. Desta forma, Sibyl resolve renunciar
à sua carreira de atriz para experimentar o amor verdadeiro com Dorian Gray.
Desanimado
por ela ter abandonar o palco, Dorian rejeita Sibyl, dizendo-lhe que era em actuar
que residia a sua beleza… sem isso, ela perderia o seu interesse.
Ao
voltar para casa Dorian pensa sobre o sucedido e percebe o quanto foi cruel com
Sybil, decidido a, no dia seguinte, tentar reconciliar-se. No entanto, ao olhar
para o seu retrato, Dorian apercebe-se de uma subtil alteração… um pequeno
trejeito no sorriso.
Dorian
compreende então que o seu ‘pedido’ foi atendido, estando a sua alma a habitar
o quadro. Assim, o quadro irá não só arcar com o passar dos anos, mas também
com as acções – mais ou menos nobres – desenvolvidas por Dorian.
Na
manha seguinte Dorian é informado que Sibyl se suicidou com ácido e decide que,
a partir daí, nada mais importará além de usufruir da sua eterna juventude,
perseguindo uma vida libertina e de experiências amorais.
E
será essa, uma decisão inconsequente?
Num
momento seguinte, Lorde Henry oferece a Dorian um livro – um romance francês,
de capa amarela, moralmente venenoso – que vai influenciar determinantemente
Dorian.
[ A título de curiosidade: Nunca é, ao longo da narrativa, revelado o título do romance francês de Dorian lê mas, segundo o ‘Oscar Wilde:Art And Morality’ de Stuart Mason, Wilde terá afirmado tratar-se de À rebours, de Joris-Karl Huysmans, traduzido em Portugal como ‘Ao Arrepio’. ]
Dorian
esconde o seu quadro e satisfaz-se ao perceber que, a cada atrocidade cometida,
é o Dorian da tela que vai envelhecendo e adquirindo feições cada vez mais
maldosas enquanto ele próprio se mantém fisicamente imutável.
Segue-se
então, durante vários anos, uma vida de prazeres, na qual Dorian assume uma
conduta fria, interesseira, influenciando negativamente quem o rodeia.
Dorian
atinge o seu ponto mais baixo quando, numa noite, Basil vai a sua casa
informá-lo de que se vai mudar para Paris, querendo despedir-se e procurando
também saber da veracidade dos rumores acerca da sua pessoa.
Dorian
não nega sua devassidão e leva Basil até ao quarto onde se encontra escondido o
retrato que, entretanto, se havia tornado hediondo pela corrupção de Dorian.
Num acesso de raiva, Dorian culpa Basil pelo seu trágico destino e apunhala-o até à morte.
Para
destruir o corpo, Dorian chantageia o um velho amigo – o químico Alan Campbell –
que posteriormente se suicida por ter sido cúmplice de um assassinato.
Para
esquecer a sua culpa, Dorian vai a um antigo antro de ópio, onde James Vane – irmão
de Sybil – está presente. Ao ouvir alguém a referir-se a Dorian como ‘Príncipe Encantado’, James reconhece-o e
procura vingar a morte da irmã.
No
entanto, ao encarar Dorian, James fica surpreendido com sua juventude,
acreditando ser impossível ser aquele jovem o mesmo que, há 18 anos, foi
responsável pelo suicídio da irmã.
James liberta Dorian mas, logo de seguida, é
abordado por uma mulher que afirma que Dorian frequenta já aquele lugar há
vários anos, sem nunca aparentar o passar do tempo.
James
percebe que foi ludibriado mas, nesse momento, Dorian já desapareceu.
Entretanto,
numa noite, durante um jantar em sua casa, Dorian percebe que James o observa através
de uma janela e começa, a partir desse momento, a temer pela sua vida e pela
sua sanidade. Dorian resolve por isso retirar-se da cidade para o campo, onde
se sentirá mais protegido.
Aí,
durante uma caçada, um dos caçadores atira e acidentalmente mata um
desconhecido, que Dorian reconhece como James Vane.
Ao
retornar a Londres, Dorian informa Lorde Henry que decidiu ser bom a partir de
então e questiona-se se sua bondade recém-descoberta teria revertido a sua
corrupção no retrato.
No
entanto, ao consultar o quadro, Dorian depara-se apenas com a pior
representação de si mesmo. É neste momento que Dorian percebe que a única prova
do seu mau carácter é o próprio quadro, resolvendo por isso destruí-lo. Assim,
enfurecido, pega na mesma faca com que assassinou Basil Hallward e apunhala o
retrato.
Ouve-se
um grito!
Os
empregados da casa acordam ao ouvir esse grito, vindo de um quarto fechado,
enquanto na rua, os transeuntes – que também ouviram o grito – chamam a
polícia.
Ao
entrarem no quarto, os empregados deparam-se com um velho desconhecido,
esfaqueado, de rosto seco e decrépito… Identificam, no entanto, nos seus dedos,
os anéis de Dorian Gray.
Ao
lado do corpo, está o retrato de Dorian que, entretanto, regressou à sua beleza
original.
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