Autor: Afonso Cruz (Portugal)
Título Original: Vamos Comprar um Poeta
Editora: Editorial Caminho
Edição: 1ª Edição, Março 2016 (101 págs.)
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Hoje venho falar de uma das
minhas mais recentes leituras: Vamos
Comprar um Poeta de Afonso Cruz.
Apesar do tamanhinho, a pequenez deste
livro fica-se pelo seu tamanho físico, uma vez que a narrativa, de pequena nada
tem.
Este livro conta-nos então a história
de uma sociedade imaginária (distópica, para quem gostar do conceito), onde o materialismo
controla todos os aspectos das vidas dos seus habitantes.
Todas as pessoas têm números em vez de nomes, todos os alimentos são
medidos com rigor e exatidão e até os afetos são contabilizados ao grama.
‘…
mas há estudos que confirmam a hipótese de haver benefício em depositar uns
mililitros de saliva na maça do rosto de outra pessoa, por mais estranho e
grotesco que isso nos possa parecer.’ (p.10)
Nesta sociedade imaginária a
cultura é vista como um disparate e uma inutilidade. Não obstante estes atributos,
é
comum, nesta sociedade, as famílias terem artistas em vez de animais de
estimação e é neste contexto que a protagonista desta história decide adquirir um
poeta.
Um poeta não sai caro (excepto se usar óculos, esses são mais caros) nem
suja muito – como acontece com os pintores ou os escultores – e, além disso, entretém-se
facilmente com folhas brancas e canetas.
E é na relação desta jovem com o
seu poeta que vamos percebendo a importância da poesia, da
criatividade e da cultura nas nossas vidas.
Aos poucos, a protagonista da história começa a usar metáforas, a referir-se às coisas em valores aproximados, e a perceber que há mais na vida, além dos números e do rigor.
Aos poucos, a protagonista da história começa a usar metáforas, a referir-se às coisas em valores aproximados, e a perceber que há mais na vida, além dos números e do rigor.
E é com base nesta premissa aparentemente simples, que Afonso Cruz constrói
uma crítica à forma como a cultura é vista pela sociedade, complementando no posfácio a crítica feita ao longo da história, dando-nos
uma visão mais concreta (curiosamente, em números) da importância da cultura.
Escusado será falar da escrita de Afonso Cruz que, como toda a gente sabe, é inspiradora, sensível e, tal como a poesia, é capaz de nos abrir uma
janela por onde se vê o mar.
Francamente…
❤
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