Autor: Alain Fournier(país)
Título Original: Le Grand Meaulnes (1913)
Editora: Relógio d'Água
Edição: 1ª Edição, Abril 1987 (286 págs.)
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Hoje vou falar de ‘O Grande Meaulnes’.
Este romance foi escrito
em 1913 por Alain-Fournier – pseudónimo de Henri-Alban Fournier – um soldado francês
que, apenas um ano após o lançamento do seu único romance, foi morto numa
batalha durante a Primeira Guerra Mundial.
Apesar de ser a única
obra completa do autor (foram postumamente publicados alguns dos seus escritos,
como poemas, ensaios e correspondência) foi o suficiente para ser considerado
um clássico da literatura francesa.
Enredo
A história é-nos contada por François Seurel que recorda quando, aos 15 anos, desenvolveu uma grande amizade com Augustin Meaulnes, dois anos mais velho.
A história é-nos contada por François Seurel que recorda quando, aos 15 anos, desenvolveu uma grande amizade com Augustin Meaulnes, dois anos mais velho.
François é filho do
Sr. Seurel – um diretor de escola numa aldeia de Sologne, uma região rural de
lagos e florestas – e inicia a sua narrativa quando Augustin Meaulnes se junta
à sua turma, em Novembro de 1890.
O carisma de
Augustin rapidamente faz com que todos os meninos da turma o idolatrem, queiram
ser seus amigos e logo o passem a tratar por Grande Meaulnes.
Um dia, sob o pretexto
de ir buscar uns visitantes à cidade, Meaulnes leva um cavalo e um carrinho da
escola, e desaparece por três dias, sem qualquer explicação.
Quando regressa, cansado
e atordoado, parece muito renitente a contar o que se passou nesses três dias
de ausência.
No entanto, aos
poucos, Meaulnes confia o seu segredo ao seu amigo François, revelando-lhe
ter-se deparado, acidentalmente, com uma bela casa antiga – perdida no meio da
floresta – onde relata ter ido a uma festa mágica,
na qual decorriam os preparativos de um casamento, sendo nessa festa que Meaulnes
conhece uma rapariga encantadora - Yvonne de Galais.
No entanto, antes da
cerimónia, o casamento é cancelado por desistência da noiva, todos regressam
aos seus lares e Meaulnes fica sozinho, sem saber do paradeiro de Yvonne.
Regressando à escola,
Meaulnes tenta traçar um plano de
forma a reencontrar o caminho para o domínio
perdido, bem como a sua adorada Yvonne.
A minha opinião
O facto da história nos ser contada, não por Meaulnes mas por François, e com o desfasamento de alguns anos, envolve toda a historia numa certa nostalgia, como se visualizássemos os acontecimentos através de uma bruma.
O facto da história nos ser contada, não por Meaulnes mas por François, e com o desfasamento de alguns anos, envolve toda a historia numa certa nostalgia, como se visualizássemos os acontecimentos através de uma bruma.
Além disso, o próprio
cenário campestre, repleto de árvores, sombras e casas envelhecidas, acentua o carácter
místico desta história, parecendo, por vezes, que a realidade vivida se funde com
o sonho ou a imaginação.
O final do livro
deixa-nos com uma sensação agridoce, uma vez que é simultaneamente belo e
triste.
Este livro tornou-se
muito especial para mim, pela sensação de sonho que proporciona,
pela escrita delicada, embora não necessariamente simples.
Além disso, foi para
mim extremamente difícil arranjar uma edição (uma vez que, à data da sua aquisição, o livro se encontrava esgotado),
e quando finalmente consegui este exemplar, da Relógio D’Água, qual não foi a
minha surpresa ao perceber que se tratava de um exemplar novo, numa primeira
edição de Abril de 1987… o mês e ano do meu nascimento!
Existe, atualmente, uma nova edição, da Alma dos Livros, publicada com o título O Tempo das Ilusões Perdidas, mas vou preferir manter comigo esta edição mais antiga.
Enfim, não sei que
mais palavras usar para demonstrar o quanto gostei deste livro por isso
recomendo apenas: leiam-no. Mas leiam-no conscientes que não é difícil perdermo-nos neste bosque de ilusões perdidas.
❤