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sábado, 30 de janeiro de 2016

#013.02 | Lendo Guerra e Paz ♡ 02 Tomo I – 1ª Parte

Hoje venho iniciar, efetivamente, o projeto, Lendo Guerra e Paz e falar da 1ª Parte de 1º Tomo. 

Tomo I – 1ª Parte

Como referi no comentário de apresentação, a novela conta a história de cinco famílias aristocráticas, bem com as suas relações e vínculos, durante e invasão da Rússia pelas tropas Napoleónicas.
Nesta primeira parte é-nos então feita a apresentação dos principais personagens e famílias – quase sempre entre soirées, festas e convívios, sendo que eu dividiria esta acção em 4 momentos principais.

 Apresentação dos núcleos de Petersburgo

A novela começa na cidade russa de Petersburgo, numa soirée dada em Julho de 1805 por Anna Pávlovna Scherer – dama de honra e confidente da rainha mãe Maria Fiódorovna.
Para essa festa, Anna Pávlovna convida as principais famílias aristocráticas da cidade, e nesse momento, começamos então a ter contacto com alguns personagens principais:

Príncipe* Vassíli Kuráguin – um importante alto funcionário, é pai de:
Ippolit – descrito como imbecil quieto.
Anatole – descrito bon vivant.
Hélène – descrita como jovem de beleza extraordinária.

Pierre Bezúkhov – Filho ilegítimo de um conde abastado (que se encontra à beira da morte), foi educado pela sua mãe em França. É descrito como jovem gordo, desajeitado, que não sabe bem como se comportar em certas situações formais, principalmente diante da alta sociedade. É ainda retratado como sendo algo ingénuo, embora benevolente e simpático.

- Anna Mikháilovna Drubetskaia – De uma das melhores famílias da Rússia, porém pobre, procura manter o contacto com a alta sociedade e as pessoas mais influentes, no sentido de assegurar futuro para o seu filho Bóris.

- Príncipe* Andrei Bolkónski – Nobre, casado com Lise Meinen, é filho do velho e excêntrico Príncipe* Nikolai Bolkónski e tem uma irmã, a princesa Maria.

[ * Nota: O título de 'príncipe', na Rússia, era um título de nobreza equivalente ao de duque, não estando relacionado com a família real. O filho do Czar não era chamado de príncipe, mas sim Czarevich. ]

Neste serão, ao conhecer estes personagens e através dos seus diálogos, começamos já perceber a posição de alguns em relação a Napoleão.

Após esta soirée, encontramos Andrei Bolkónski, em sua casa, a conversar com o amigo Pierre e percebemos que se encontra descontente com o rumo do seu casamento e que, apesar da sua esposa estar grávida, Andrei planeia alistar-se como ajudante de campo do príncipe Mikhail Kutúzov na resistência militar russa perante a invasão napoleónica.

 Apresentação dos núcleos de Moscovo

Posteriormente ao serão em casa de Anna Pávlovna, Tolstoi leva-nos para Moscovo, para uma festa em casa dos Rostov. Aqui celebra-se o dia da Santa das Natálias, santo onomástico da matriarca da família – a condessa Natália Rostova – bem como da filha mais nova – Natacha (Natália Ilyinichna).
Importa lembrar neste ponto que, apesar de a data ser celebrada como um aniversário, não era exactamente disso que se tratava. Era comum os russos receberem nomes de santos e assim, o dia desse santo, no calendário da Igreja Ortodoxa, era comemorado como o aniversário da pessoa.

Nesta festa ficamos então a conhecer a família Rostov, constituída pelo casal –
Conde Iliá Rostov e Condessa Natália Rostova – e os seus quatro filhos:
- Natacha, supostamente apaixonada por Bóris (o filho de Anna Drubetskaia, certo?)
Nicolau, que faz juras de amor à sua prima mais nova, Sónia (Sofia Alexandrovna).
Vera, a filha mais velha, que é descrita como fria e, de alguma forma, arrogante.
- Pétia (Pyotr Ilyich), o elemento mais novo da família Rostov.

No início da leitura senti muitas vezes a necessidade de apontar os nomes de alguns personagens, bem como as relações entre eles, uma vez que são imensos e, convenhamos, os nomes russos não são os mais simples do mundo. Além disso, cada personagem pode ser tratado de várias formas - pelo nome, pelo patronímico, por diminutivos... -  o que não ajuda a reconhecer quem é quem.
Para facilitar a leitura, acabei por criar um pequeno esquema com a genealogia de cada personagem, para não me perder tanto nesta parte inicial da história.



 Morte de Conde Bezúkhov

Assistimos posteriormente a um momento, em casa do Conde Kirill Vladímirovitch Bezúkhov no qual alguns parentes e amigos se reúnem, para velar pelo (endinheirado) Conde, que se encontra no sei leito de morte.
Como já referi Pierre é filho ilegítimo do Conde e é visto pela família como a principal razão para o Conde se encontrar tão mal. Isto é, acusam Pierre de, com o seu comportamento desgovernado, ter contribuído para os ‘ataques’ do Conde e a consequente deterioração da sua saúde.

Apesar de Pierre não se interessar particularmente pelo dinheiro, acaba por se deixar influenciar por Anna Mikháilovna que afirma querer ajudá-lo a lutar pelos seus direitos. Paralelamente Anna lembra a Pierre que o Conde é Padrinho de Boris (seu filho) e que por essa razão também deveria ser tido em conta aquando as partilhas de bens.

Assistimos a todos os ritos fúnebres e quando, por fim, o Conde Kirill morre, descobrimos que deixou a maior parte da sua herança a Pierre – o filho ilegítimo – tendo deixado as restantes filhas (estas sim, legitimas) sem grandes bens.

 Partida de Andrei para a Guerra

Num último momento vamos conhecer melhor a casa do Príncipe Nikolai Bolkónski – pai de Andrei – um velho excêntrico, que leva o seu dia-a-dia de forma sistemática e metódica, cumprindo sempre as mesmas rotinas. Nessas suas rotinas, inclui a educação da filha Maria Bolkónskaia, com a qual é extremamente exigente, chegando mesmo a ser cruel.

É neste momento que o príncipe Andrei, decidido a ir para a Guerra, resolve deixar a esposa entregue ao cuidado do seu pai e irmã.

E foi isto!


sábado, 16 de janeiro de 2016

#013.01 | Lendo Guerra e Paz ♡ 01 Apresentação

Autor: Lev Tolstoi (Rússia)
Título Original: Война и мир (1867)
Editora: Relógio d'Água
Edição: 1ª Edição, Novembro 2013 (1320 págs.)
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Um dos meus maiores problemas enquanto leitora é, muitas vezes, não me conseguir lembrar do conteúdo dos livros que li. Tenho uma péssima memória (fraquinha, fraquinha!) e tenho por isso, muitas vezes, dificuldade em lembrar-me do que li em alguns livros: partes da história, personagens, o final da história… Enfim!

Essa é uma das razões que me leva a escrever sobre livros, quer aqui, quer em caderninhos de anotação.

No entanto, existem livros que não se podem resumir a um breve comentário… Quer pela complexidade da história, pontos de vista referidos ou pela multiplicidade de emoções que nos provocam na leitura, existem livros que merecem uma opinião mais bem construída.

É por essa razão que pretendo iniciar, neste espaço, um diário de leitura de Guerra e Paz, comprometendo-me apenas a fazer os comentários… sempre que possível!

Breve nota sobre a obra

Escrita entre os anos de 1865 e 1869, a narrativa foi inicialmente publicada no Russkii Vestnik, um periódico da época, com o nome 1805, ano em que começa a história.

Contando com mais de 580 personagens – algumas históricas, outras ficcionadas – esta novela épica conta a história de cinco famílias durante invasão da Rússia pelas tropas Napoleónicas.

O enredo deste romance cobre toda a campanha de Napoleão na Áustria, a invasão da Rússia pelo exército francês, bem como a sua retirada, entre 1805 e 1820.

Além dos elementos das famílias aristocráticas principais, Tolstoi criou um retrato realista e incisivo da sociedade russa de inícios do século XIX, denunciando o preconceito e a hipocrisia da nobreza, ao lado da miséria dos soldados e servos.



Sobre a edição

Apesar de Tolstói ter escrito a maior parte do livro em russo, partes significativas dos diálogos foram escritas em francês, reflectindo bem a realidade russa, uma vez que, na época, toda a aristocracia russa do século XIX falava o francês e empregava a língua entre si em vez do russo.

Estou a ler a obra numa edição da Relógio D'Água, traduzida por António Pescada a partir do original russo sendo que nesta edição, os textos que no original se encontravam em francês (ou, menos comummente, em alemão) se mantêm, nesta tradução, em francês ou alemão, estando a tradução em nota de rodapé.

A obra vem dividida em dois volumes, cada um contendo dois Tomos, e perfazendo um total de 1320 páginas.

Existe também, neste momento, uma edição da Editorial Presença traduzida do russo por Nina Guerra e Filipe Guerra, dividida em 4 volumes, correspondendo cada um a um Tomo. Nesta edição também optaram por manter em francês o que, no original, se encontra nesse idioma, deixando a tradução em Nota de rodapé.

Por fim, existe ainda a edição da Saída de Emergência, dividida em dois volumes, na qual é feita a tradução total do texto para Português, não se distinguindo o que, no original estaria num idioma diferente. Esta opção foi decidida ‘com a intenção de proporcionar uma leitura mais cómoda’, deixando ‘apenas algumas frases ou palavras’ em francês.

Pessoalmente, e apesar de tornar a leitura mais demorada, prefiro as edições em que o texto em Francês se mantém em Francês, uma vez que demonstra melhor a intenção original do autor.

Sobre o ‘Diário de Leitura’

Como referi, estes Diários de Leitura não terão uma periodicidade pré-definida, saindo os comentários sempre que for possível.

A obra original, no seu todo, encontra-se dividida em 4 tomos, cada um dividido em várias partes, contento o Tomo I - 3 Partes, o Tomo II - 5 Partes, o Tomo III  - 3 Partes, o Tomo IV - 4 Partes, e Epílogo - 2 Partes.

Como mencionei anteriormente, estou a ler a obra numa edição da Relógio D'Água, encontrando-se esta dividida em 2 Volumes. O primeiro volume, de 656 páginas, comporta os tomos I e II do original. Já o segundo volume, de 664 páginas, inclui os tomos restantes, III e IV, bem como o Epílogo.