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quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

#003 | Quando a Neve Cai, de John green, Maureen Johnson e Lauren Myracle

Autor: John green, Maureen Johnson e Lauren Myracle (Estados Unidos da América)
Título Original: Let it Snow: Three Holiday Romances
Editora: TopSeller
Edição: 1ª Edição, Novembro 20014 (320 págs.)
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Chega Dezembro e com ele chegam as leituras temáticas, voltadas para o Inverno, final de ano e, como não poderia deixar de ser, para o Natal.
Este livro, que tão bem combina  com a época, engloba três contos, escritos por 3 diferentes autores.


Todos os contos se passam na Véspera de Natal, quando uma forte e inesperada tempestade de neve isola uma pequena cidade. O que começa como um grande imprevisto, com potencial para estragar a véspera de Natal a toda a gente, acaba por se tornar o factor desencadeante de uma série de aventuras.

Um aspecto interessante no livro é que os contos se interligam, dando a ideia de continuidade entre os mesmos.
As personagens principais de um conto entram como personagens secundárias dos outros, interagindo em algum momento da história.

O livro é editado pela TopSeller e tem uma capa lindíssima (na minha opinião, claro!) que, de alguma forma, nos remete um pouquinho para a história (principalmente para o primeiro conto).

Vamos falar dos contos?

O Expresso Jubilee (Maureen Johnson)
Neste conto é narrada a história de Jubilee, uma rapariga de Richmond que, na véspera de Natal, se vê forçada a ir passar o Natal com os avós, que moram na Flórida.
Para isso, Jubilee terá que fazer uma longa viagem de comboio, sozinha, quando, na verdade, o que ela queria era passar a data com o namorado (que até então ela julgava perfeito).
É então que começa uma tempestade de neve e o comboio de Jubilee fica preso no nevão, sem possibilidade de prosseguir viagem. 
O comboio está próximo da cidadezinha de Gracetown e, para não morrer de tédio no comboio, Jubilee resolve procurar abrigo numa Waffle House.
Na Waffle House ela conhece alguns dos habitantes de Gracetown – também retidos pela neve – entre eles, Stuart, um rapaz que recentemente havia enfrentado uma desilusão amorosa.

Um Milagre de Natal Fantabulástico (John green)
Aqui é-nos contada a história de Tobin, JP e Duke que, em plena véspera de Natal se vêm sozinhos em casa com pouco mais do que uma maratona de filmes do James Bond para se entreterem.
Entretanto, Tobin recebe uma chamada de Keun – funcionário da Waffle House (sim, a mesma Waffle House) – avisando que um grupo de cheerleaders acaba de entrar para se abrigar do nevão.
Os três amigos são então convocados para levar o jogo Twister como forma de distrair as cheerleaders, mas há um senão: alguns 'rivais' também foram convidados e, só quem chegar primeiro poderá entrar. Para Tobin e JP esta torna-se a verdadeira missão da noite de natal: Chegar à Waffle House – e Duke, apesar de ser uma rapariga (o nome engana e no conto vão perceber porquê), junta-se aos amigos nesta loucura.
Sim, porque sair de carro no meio de uma tempestade de neve… Só pode ser uma loucura!

O Santo Patrono dos Porcos (Lauren Myracle)
Neste conto é-nos narrada a história de Addie, um adolescente egocêntrica e dramática que, por determinado motivo, traiu o namorado e tenta desesperadamente reconquista-lo.
Ao longo do conto, Addie percebe que tem que mudar a sua postura e provar a si mesma (e aos outros) que consegue pensar em algo mais do que nela mesma.
Assim, Addie assume a missão de ir buscar o presente de Natal de uma de suas melhores amigas: um porquinho! Num dia de neve, trabalho e muitos desencontros, essa tarefa pode revelar-se mais difícil do que parece à primeira vista.


Inserido no género juvenil / jovem-adulto, é um livro leve, bom para um domingo à tarde (ou  véspera de Natal) , de preguiça no sofá, uma vez que a escrita é fluída e se lê rápido.
As histórias não têm uma profundidade por aí além, não é um livro que nos faça pensar muito e, por isso, recomendá-lo-ia a quem buscasse uma leitura fácil, de entretenimento.

De entre os três contos, não tenho um preferido, embora possa afirmar que o que menos gostei foi do terceiro conto – O Santo Patrono dos Porcos.
O conto tem uma mensagem bonita – não devemos exigir demasiado das pessoas que amamos e, se elas não demonstram o amor da forma que queremos,  isso não significa que não nos amem – mas,  talvez pela personagem ser tão egocêntrica e tão mimada, não me consegui afeiçoar a ela. A sua busca interior e a sua mudança decorrem ao longo de um único dia (sim, um dia!) pelo que me parece um pouco forçada a história da redenção súbita e do milagre Natalino.
Essencialmente, o que me fez continuar a ler este terceiro conto foi o revelar das ligações entre os personagens – incluindo os de contos anteriores – uma vez que Jeb, o namorado traído, aparece e desperta a curiosidade sobre si logo no conto inicial.

Feliz Natal!



sábado, 29 de novembro de 2014

#002| O velho e o Mar, de Ernest Hemingway

Autor: Ernest Hemingway (Estados Unidos da América)
Título Original: The Old Man and the Sea (1952)
Editora: Editora Livros do Brasil
Edição: 1ª Edição, Dezembro 2006 (134 págs.)
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Hoje venho falar do livro O Velho e o Mar de Ernest Hemingway, que pedi emprestado á minha irmã.

O Velho e o Mar’ conta a história de Santiago, um pescador Cubano que, após um período de quase três meses sem pescar, tem a premonição de que a sua sorte vai mudar e resolve ir sozinho para o alto Mar.


Santiago sempre foi respeitado na sua vila e contava com a ajuda de Manolin, um jovem aprendiz a quem Santiago ensinou, desde muito cedo, a pescar.

No entanto, estar tanto tempo sem pescar começa a ser visto como um mau augúrio e os pais de Manolim proíbem-no de continuar com Santiago, forçando-o a procurar emprego noutro barco de pescas.

Então, na manhã do 85º dia sem pescar Santiago parte sozinho para o alto Mar, movido pela premonição de que a sua ‘maré de azar’ teria terminado e que iria pescar um grande peixe. Além disso, para forçar um pouco a sua mudança de sorte e mudar os seus velhos hábitos, ele decide ir para uma área em que os pescadores não estavam acostumados a pescar.

E não é que, para sua grande surpresa, Santiago pesca realmente um grandioso peixe?

Um espadarte gigantesco que, além da sua grandeza – em tamanho – assombra Santiago com a sua força e acaba por rebocar a canoa e o pescador!

Santiago percebe que não conseguirá puxar com facilidade o peixe e, por isso, terá que o cansar até que este venha à tona para, por fim, poder matá-lo e voltar para casa.

Nisto, o pescador passa vários dias e várias noites lutando contra o seu espadarte. Neste tempo, percebemos as dificuldades com que lida Santiago – a falta de comida, o Sol e o calor, as dores nas mãos e nas costas – e vamos percebendo as suas oscilações de pensamento na luta entre o homem e a natureza, a busca pela sobrevivência e uma constante prova de resistência entre corpo e mente.

No final de alguns dias, Santiago consegue finalmente matar o peixe! No entanto, como se trata de um animal muitíssimo grande, que não cabe na sua canoa, o pescador tem que amarrá-lo junto à canoa, do lado de fora.

Deste modo, o espadarte fica todo o caminho de volta (que é distante) à mercê das criaturas do mar.
Depois de morto, o peixe deixou um rastro de sangue que serviu de atrativo aos tubarões que, ao longo de todo o caminho foram atacando e destruindo o peixe, fazendo com que Santiago regresse à sua aldeia apenas com a carcaça do mesmo.

Esta é, no fundo, uma história sobre perseverança e sobre a capacidade do homem para fazer face aos dramas e ás dificuldades da vida real.

E no fim, fica assim suspenso a ideia: Será que estamos preparados para reconhecer e receber o que de bom surge na nossa vida? E será que estamos preparados para agarrar as oportunidades quando elas surgem?


Gostaria de referir que esta obra é narrada em terceira pessoa e não tem separação de capítulos, o que faz do livro um texto único que segue até o final da narrativa. Confesso que este modelo atrapalhou um pouco a minha leitura, essencialmente por não facilitar a realização de pausas.

De forma geral Santiago é uma personagem bem construída, sobretudo psicologicamente e, apesar do livro ser curto, o propósito do mesmo flui e surge naturalmente.




domingo, 24 de agosto de 2014

#001 | Uma Morte Súbita, de J. K. Rowling

Autor: J. K. Rowling (Inglaterra)
Título Original: The Casual Vacancy (Setembro 2012)
Editora: Editorial Presença
Edição: 1ª Edição, Novembro 2012 (494 págs.)
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Este é o primeiro livro da autora, depois do boom que foi Harry Potter, pelo que fiquei, como seria de esperar, bastante expectante com o mesmo.


Enredo 

A história passa-se em Pagford, uma pequena cidade (fictícia) no sul de Inglaterra e começa quando Barry Fairbrother – membro da Assembleia Comunitária e um elemento importante no desenvolvimento cidade – morre subitamente, aos quarenta e poucos anos.

A primeira parte do livro retrata o modo como se foi ‘espalhando a notícia’ da morte de Fairbrother e como os diversos núcleos familiares da cidade foram reagindo à notícia.

Aqui começamos a conhecer algumas das famílias envolvidas na história, e com as quais Barry mantinha algum tipo de relação: Os restantes Fairbrother (obviamente), os Wall, os Mollison, as Bawden, os Weedon, os Price e os Jawanda.
Como em vários meios pequenos, todos se conhecem e todos estão, de alguma forma, relacionados.

O início pode ser um pouco confuso (afinal, são muitas personagens) mas, ao longo do enredo, vai se tornando muito fácil identificar cada um e perceber quem é quem. 

Então, a morte de Barry Fairbrother deixa de vago um lugar na Assembleia Comunitária (Casual Vacancy – Vaga Casual) e, o lugar vago, torna-se catalisador de uma disputa complexa, onde os segredos dos diversos núcleos familiares vêm ao de cima. Começamos aqui a compreender as relações entre as diferentes personagens, o enredo intensifica-se e percebemos que a cidadezinha idílica não passa, afinal, de aparência.


A minha opinião

Uma das coisas que me conquistou no livro foi o facto de os personagens estarem incrivelmente bem construídos e conseguirmos, ao longo da narrativa, identificar-nos com algumas das emoções sentidas pelos mesmos. Ninguém é 100% bom, nem ninguém é 100% mau, pelo que se tornam personagem complexos, bastante verossímeis.

Ao longo do livro vão sendo abordados temas bem actuais como a corrupção, violência doméstica, abuso de drogas e bullying.  Percebemos então que o livro trata não só do lugar vazio deixado na assembleia, mas de vários vazios, com que estes personagens vão ter que lidar.

Isto afasta-nos de vez da ideia de que estamos ‘a ler uma história da autora de Harry Potter’. Aliás, única semelhança entre os livros é, apenas, a escrita da autora: fluída, com ritmo, e toques de humor negro. Ponto. De resto, não faz sentido querer comparar livros juvenis com um livro para adultos (e sim, porque a forma como estes temas são tratados, dirigem-se definitivamente a um público adulto).

O final desenrola-se rapidamente (o que não significa, de modo algum, que tenha sido apressado ou forçado) fazendo-nos querer saber o que acontece e como se resolvem os problemas de cada um. Só posso dizer que é um final tenso, e surpreendente.

Um dos aspectos que não apreciei muito neste livro está relacionado com a forma como se retratou a linguagem quer dos adolescentes quer das personagens residentes em Fields (a zona mais pobre da cidade).
O uso recorrente de calão e de contracções nas palavras acabou por me cansar um pouco, talvez por parecer algo forçado e até exagerado.
(Falo-vos, por exemplo, de escrever “Em qu’unidade é qe’ela ‘tá?” em vez de “Em que unidade é que ela está?”)
Ler diálogos inteiros, escritos neste formato, torna-se bastante cansativo (chato até!) e penso não serem relevantes para dar a entender que as personagens usam calão ou uma linguagem mais informal. Um ou outro ‘tá seriam, a meu ver, suficientes.
Como não li a versão original, não sei se se trata de uma característica do próprio texto ou se está relacionado com a tradução.

De forma geral gostei deste livro e, como J. K. Rowling referiu, trata-se de ‘um grande romance sobre uma pequena comunidade’.

É um livro que vale a pena ser lido.