Hoje
venho conversar mais um pouquinho sobre a leitura de Guerra e Paz, desta vez
relativamente à 1ª Parte do Tomo II.
Nesta
primeira parte aconteceu tanta coisa que acho melhor organizar-me em tópicos.
Vamos
lá?
1 ♡
Rostov volta para casa e leva consigo Deníssov que é
imediatamente bem acolhido pela família. Neste regresso percebemos que há um
ligeiro afastamento entre Nikolai e a sua prima Sónia com a qual este tinha,
anteriormente, trocado juras de amor eterno.
“ – Mas é estranho – disse Vera, aproveitando
um momento de silêncio – que Sónia e Nikólenka se tratem agora por «você» e
como estranhos.” (p.329)
2 ♡
Passamos entretanto para uma cena no
Clube Inglês, onde estão reunidos alguns dos membros habituais, bem como alguns
convidados – no caso jovens militares – encontrando-se entre eles o Conde
Rostov, Nikolai, Dólokhov – oficial do regimento de Semiónovski – e Pierre, que
se preparam para realizar um almoço de homenagem ao Príncipe Bagration.
Durante
esse almoço começam a circular rumores de que Dólokhov estaria envolvido com
Hélène – a esposa de Pierre – e que aparentemente todos saberiam menos ele.
“– Bem, agora
à saúde das mulheres bonitas – disse Dólokhov com expressão séria, mas com um
sorriso aos cantos da boca, voltando-se para Pierre com a taça. – À saúde das
mulheres bonitas, Petrucha, e dos amantes delas – disse.” (p.340)
Perante
estas afrontas e determinado a manter a sua honra, Pierre resolve desafiar
Dólokhov para um duelo a realizar-se no dia seguinte.
Neste tipo de duelo era comum ter-se um
padrinho, sendo que Rostov concordou em ser padrinho de Dólokhov, enquanto
Nesvítski, por sua vez, foi padrinho de Pierre.
O
duelo decorre em favor de Pierre que consegue atingir – embora não letalmente –
Dólokhov.
Rostov
leva então o amigo ferido a casa e descobre, para sua grande surpresa que, apesar de todo o
aparato frente aos amigos e conhecidos, Dólokhov vive com a sua velha mãe e
irmã corcunda, sendo o mais carinhoso filho e irmão.
A
partir deste momento a amizade de Rostov com Dólokhov torna-se mais forte,
passando este último a frequentar a casa do primeiro.
No seguimento desse duelo Pierre regressa a casa
e, confrontando a esposa, percebe que o seu casamento acabou.
Para terminar rapidamente com tudo, Pierre acaba por ceder a Hélène grande
parte das suas propriedades e parte sozinho para Petersburgo.
3 ♡ Temos aqui mais um corte da narrativa e passamos à casa da
família Bolkónski, onde Liza se prepara para dar à luz. Até este ponto ninguém
obtivera mais notícias de Andrei, crendo-o morto.
Realizam-se todos os preparativos para o parto, é chamado um
médico e entretanto, a parteira Maria Bogdánovna inicia os cuidados
necessários.
O parto inicia-se e entretanto apercebem-se que alguém chega ‘pela avenida’. Todos acreditam tratar-se
do médico mas, qual é o espanto, quando com ele chega Andrei!
Andrei aproxima-se da esposa e assusta-se ao ler nela uma
expressão de desespero.
“Eu amo-vos a todos, não
fiz mal a ninguém, porque tenho que sofrer? Ajudem-me” (p. 355)
O obstetra e a parteira continuam o seu trabalho – difícil e
demorado – que infelizmente não tem um final feliz.
“…o médico olhou-o com ar
desnorteado e, sem dizer palavra, passou ao lado. Uma mulher saiu a correr e,
ao ver o príncipe Andrei, hesitou no limiar. Ele entrou no quarto da mulher.
Ela jazia morta, na mesma posição que que a vira cinco minutos antes…” (p.355)
Três dias depois realiza-se o funeral de Liza e, durante todo o
ritual, fica nela presente a mesma expressão – “Ah, o que fizeram vocês comigo” (p.356) – fazendo crescer em Andrei
um sentimento de culpa “que não podia
emendar nem esquecer”.
Passados cinco dias, realiza-se o baptizado do pequeno Nikolai Andréitch.
4 ♡
O Outono aproxima-se e regressamos ao núcleo da família Rostov, agora
frequentemente acompanhados de Dólokhov e Deníssov.
Enquanto
Deníssov continua a ser adorado por todos da família, Dólokhov não consegue
conquistar a simpatia de Natacha
“Entre os jovens
introduzidos por Rostov, um dos primeiros foi Dólokhov, de quem toda a gente em
casa gostava, exceto Natacha. Por causa de Dólokhov ela quase se zangou com o
irmão. Insistia em que ele era má pessoa…” (p. 358)
Rostov
tenta defender o amigo alegando que “…é
preciso vê-lo com a mãe, que coração que ele tem!” (idem)
Natacha
não se deixa convencer alegando preferir a companhia de Deníssov (“Gosto do teu Deníssov, embora seja pândego e
tudo isso, mas eu gosto dele…”) e que, além disso, Dólokhov estaria a
aproximar-se de Sónia.
“ – … E sabes que que ele
está apaixonado pela Sónia?
– Que
disparate…
– Tenho a
certeza, tu vais ver.” (p. 358)
Mais
tarde, ao terceiro dia das festas de Natal, Dólokhov pede Sónia em casamento.
No entanto, e apesar de ser uma órfã, sem dote, e se encontrar perante um
excelente partido, Sónia recusa o pedido, para surpresa de todos e alívio de
Rostov.
Entretanto,
num baile, Natacha continua a aproximar-se de Deníssov, ficando impressionada
com os seus dotes de dançarino.
5 ♡ Humilhado perante a recusa de Sónia, Dólokhov resolve sair da
casa dos Rostov.
No
entanto, passados três dias, Rostov é convidado por Dólokhov para uma pequena
despedida, antes de regressar ao exército.
Quando
Rostov chega á ‘festa’ está a
decorrer um jogo de cartas, para o qual é convidado a participar.
Apesar
das suas reticências em relação ao jogo (“Só
os parvos podem jogar à sorte”) Rostov acaba por jogar e, aos poucos, a
perder dinheiro para Dólokhov.
É
interessante perceber que, conforme Rostov vai perdendo dinheiro, os
pensamentos ligados ao amor pela família, e a sensação de ‘como pode isto acontecer comigo?’ voltam a vir-lhe à mente, tal
como havia acontecido na batalha de Schöngrabern.
“Nesse momento a vida familiar (…) surgia à sua frente com tanta força,
clareza e encanto como se isso pertencesse ao passado distante, uma
felicidade perdida e não apreciada.” (p. 366)
“Não fiz nada de mal. Matei alguém, ou ofendi, ou desejei mal a alguém?
Porquê esta terrível desgraça?” (p. 368)
O
jogo decorre até Rostov ter perdido, para Dólokhov, a soma de 43.000 rublos. Só
neste ponto Rostov se apercebe ter sido vítima de uma vingança, por parte de Dólokhov, pelo facto de
este ter sido rejeitado por Sónia.
“Ele sabe o que esta perda significa para mim – dizia a si próprio
– Como pode desejar a minha perdição? Se ele era meu amigo. Se eu gostava dele…”
(p. 368)
“ – Ouve, Rostov – disse Dólokhov, sorrindo claramente e fitando Nikolai nos olhos –, tu conheces o
ditado: «Sorte ao amor, azar às cartas.» A tua prima está apaixonada por ti. Eu
sei.” (p. 369)
6 ♡ Rostov regressa a casa, onde reina uma ‘atmosfera
amorosa e poética’ e onde todos se sentem felizes, assistindo Deníssov e
Natacha a cantar e a dançar.
Rostov
mantem-se taciturno e procura conselho com o seu pai que, apesar de ter
dificuldade em fornecer tão avultada quantia, acaba por ajudar o filho.
Paralelamente, Deníssov pede a mão de Natacha em casamento. A jovem, não cabendo em entusiasmo, vai
contar à sua mãe. Natacha é, no entanto, chamada à razão pela sua mãe e percebe
que é demasiado nova para se casar, declinando assim o pedido.
Esta primeira parte termina então, com Rostov a saldar a sua
dívida e a partir para a Polónia, ao encontro do seu regimento.
Apesar de não ser muito longa em número de páginas (cerca de 50 páginas), achei que esta primeira parte foi interessante para mostrar 'a quantas andam' os personagens da história.
Os capítulos desenrolam-se como se em cenas de novela (cada capítulo referindo-se a um núcleo de personagens, ou a um assunto), encandeando-se uns nos outros.
Estou muito curiosa para dar continuidade à leitura que, apesar da falta de tempo, se vai desenrolando aos poucos.
Os capítulos desenrolam-se como se em cenas de novela (cada capítulo referindo-se a um núcleo de personagens, ou a um assunto), encandeando-se uns nos outros.
Estou muito curiosa para dar continuidade à leitura que, apesar da falta de tempo, se vai desenrolando aos poucos.
❤