Autor: Robert Louis Stevenson (Escócia)
Título Original: Strange Case of Dr Jekyll and Mr Hyde (1886)
Editora: Relógio d'Água
Edição: 1ª Edição, Janeiro 1987 (152 págs.)
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Hoje venho falar de um clássico de terror: O
Estranho Caso do Dr. Jekyll e de Mr. Hyde, escrito por Robert Louis Stevenson.
Conheci esta história algures pelo meu 9º ano, quando
tive que ler uma versão resumida da mesma para a aula de Inglês. Lembro de, na
altura, não a ter achado nada de especial, embora o conceito de dualidade do
personagem me tivesse acompanhado por muito tempo.
Por essa razão, resolvi reler a história, desta vez na
sua versão completa.
Este clássico, lançado em 1886, aborda a questão do bem
e do mal, numa época em que, na sociedade inglesa, ainda se debatia o caso real
de um respeitado marceneiro que, de dia levava uma vida digna, cumprindo as
suas responsabilidades enquanto, durante a noite, roubava as casas dos moradores
da cidade.
Esta
dicotomia entre o bem e o mal desde cedo intrigou Stevenson, sendo este o mote
que inspirou o autor. Esta obra foi, na sua época, um sucesso imediato e uma
das obras mais vendidas de Stevenson, sendo considerado um livro clássico de
horror e suspense.
Adaptações
teatrais da obra começaram a ser encenadas em Londres um ano após seu lançamento
e, até aos dias de hoje, o livro tem inspirado a realização de diversos filmes,
peças e mesmo animações.
Sobre a
Narrativa
A narrativa
tem início com Sr. Utterson –
o advogado de Dr. Jekyll – caminhando pelas ruas silenciosas de Londres, acompanhado
do seu parente afastado e grande
amigo, Sr. Richard Enfield.
Nesta
caminhada, os amigos passam por uma porta… Uma porta sem aldraba nem sineta, rachada
e com manchas de bolor. Nesse momento,
Sr. Utterson recorda estranhos acontecimentos envolvendo essa mesma porta,
narrando-os ao amigo.
Utterson
conta então que presenciou o momento em que Mr.
Hyde, um homem de aparência detestável, andando em passo estugado,
atropelou uma criança que vinha em sentido contrário, seguindo depois o seu
caminho enquanto a criança ficou aos prantos na calçada.
Após
perseguido e trazido ao local do acidente – onde já se tinha reunido um pequeno
grupo de pessoas – o monstruoso homem, para evitar um escândalo, afirma que
estaria disposto a pagar pelos prejuízos causados à família da menina.
Para garantir
que o pagamento seria feito, Sr. Utterson acompanhou o estranho individuo,
tendo-se este dirigido até à porta anteriormente referida. É então que Sr.
Utterson fica estarrecido ao receber um cheque com fundos, assinado por Dr. Jekyll – um respeitado e admirado
médico que é muito seu amigo.
O advogado fica desconfiado e confuso a propósito do último acontecimento, o que se agrava quando recebe
uma notificação de Dr. Jekyll favorecendo, no seu testamento, ninguém menos que
Dr. Hyde.
Neste ponto, Utterson
começa a suspeitar que o seu amigo possa estar a ser vítima de chantagem por
parte do abominável Mr. Hyde, uma vez
que não consegue perceber de que outra forma se possam estar a relacionar estes
dois homens tão diferentes.
Se por um
lado Dr. Jekyll é um filantropo
respeitado, e exemplo de conduta por outro, Mr.
Hyde é descrito como grotesco, desagradável
e de voz medonha.
Aos poucos,
começa-se a perceber que o Dr. Jekyll está a comportar-se de forma cada vez
mais estranha, começando a preocupar os seus empregados e amigos. Fica cada vez
mais isolado no seu laboratório, recebendo frequentemente a visita do
intrigante e violento Mr. Hyde.
O Sr. Utterson procura então conversar com o Dr. Jekyll sobre a decisão de
deixar a sua herança para um ser tão vil, sendo-lhe respondido que a decisão está
tomada, que é necessária, e que nada se tem a recear em relação a Mr.
Hyde. Dr. Jekyll pede-lhe ainda que não se volte a falar desse assunto.
Desta forma, Sr. Utterson resolve não mais se intrometer.
Passado um
ano, algo terrível acontece quando Sir Danvers Carew – influente
cidadão londrino e cliente de Sr.Utterson
– é brutalmente assassinado, com socos, pontapés e golpes de bengala, sob o olhar atento de uma jovem, que
observava do alto de uma janela.
Após a
descrição do crime pela testemunha, Mr. Hyde torna-se o principal suspeito, passando
a ser perseguido pela polícia local.
Neste ponto,
e preocupado com o que possa acontecer, Mr. Utterson, dirige-se a casa de Dr. Jekyll, para o
avisar do perigo que representa Mr. Hyde. Contudo, o médico assegura-lhe que há
algum tempo que não vê Mr.
Hyde e que este já lhe havia deixado uma carta de despedida.
O tempo vai passando e, apesar da pequena fortuna oferecida pela cabeça de
Mr. Hyde, este não é encontrado.
Essa época coincide
com um Dr. Jekyll mais presente na vida dos amigos, após um longo período de ausência,
voltando a organizar jantares e a participar de eventos para caridade,
parecendo que tudo está a voltar ao normal.
Contudo, passado algum
tempo Dr. Jekyll volta a isolar-se no seu laboratório, gerando grande
preocupação nos seus amigos até que um dos seus empregados aparece em desespero
na casa do Sr. Utterson e pede a sua ajuda. Ele acredita que seu patrão foi
assassinado e que agora Mr. Hyde se esconde na casa.
Será?
Narrado com traços de novela
policial – incluindo um crime, um grande mistério e alguém que os tenta
desvendar – os capítulos encaixam-se perfeitamente, de modo que todos os elementos
da narrativa se esclarecem no desenlace da história.
A atmosfera de suspense é bem
trabalhada, sentindo-se o tempo todo a escuridão por trás da história.
A temática é pesada, mas o autor
aborda um tema essencialmente humano: o bem e o mal que, inevitavelmente, convivem
dentro de cada um de nós.
❤